Ser racional permitiu ao ser humano evoluir e viver em sociedade. No entanto, essa racionalidade está por trás de toda a complexidade que os relacionamentos entre as pessoas carregam. Seja a relação entre pais e filhos, familiares, amigos e amorosos. É nesse último aspecto que o diretor Mike Nichols constrói a narrativa do filme, contando com o roteiro de Patrick Marber para dar profundidade aos personagens. A trama é centrada em quatro personagens, mostrando suas relações, jogos psicológicos e o resultado de suas escolhas. Anna Cameron e Daniel "Dan" Woolf são os personagens principais. Ela é uma fotógrafa que se divorciou recentemente, e é interpretada por Julia Roberts. Ele é um escritor que ganha a vida escrevendo obituários, mas que havia acabado de escrever um romance e conheceu Anna em uma sessão fotográfica para seu livro. Larry Gray e Alice Ayres são os personagens de suporte, mais conhecidos como coadjuvantes. Ele é um dermatologista que conhece Anna de uma forma totalmente inesperada, interpretado por Clive Owen. Ela é uma stripper americana que foi para Londres para fugir de um relacionamento que havia acabado de terminar e é vivida pela atriz Natalie Portman. Segundo a teoria ética de Aristóteles, a moralidade é o meio-termo entre o excesso e a escassez. Ou seja, está entre os dois extremos do moral e do amoral. É a busca do equilíbrio para uma vida feliz e realizada. Diante disso, o filme foca no excesso, flertando levemente com a escassez mas que em momento algum chega a um equilíbrio, mesmo que momentâneo. É daqueles filmes que podem trazer desconforto justamente por focar nas escolhas erradas, diretamente ligadas com o amoral. Lançado em dezembro de 2004, o filme chegou aos cinemas brasileiros em janeiro de 2005. A bilheteria doméstica, América do Norte, não foi expressiva, mas a internacional foi um sucesso. A recepção da crítica no seu lançamento ficou meio dividida. Além disso, o filme recebeu duas indicações ao Oscar de 2005, melhor atriz e melhor ator coadjuvante. A trilha sonora ficou marcada pela música "The Blower's Daughter" de Damien Rice, que tem bastante destaque ao longo do filme, principalmente no início. E se essa música parece familiar, é porque ela recebeu duas versões no Brasil que foram sucesso em 2005 e 2007 respectivamente. A primeira versão foi gravada por Ana Carolina e Seu Jorge, "É Isso Aí". A segunda versão é de Simone e Zélia Duncan, "Então Me Diz". "Closer: Perto Demais" é daqueles filmes com coragem de abordar temas delicados, com potencial para deixar o espectador desconcertado, que foge do conto de fadas e mostra uma realidade nua e crua pouco palatável para a maioria das pessoas. Mas que no fim, reforça o cinema como um meio de comunicação e expressão, que muitas vezes nos faz refletir sobre a vida. Nesse caso, sobre os vínculos afetivos e as escolhas que podem marcar a vida para sempre, principalmente sobre a pessoa que se escolhe para compartilhar uma cama, uma vida. "Entre desejos e mentiras, a verdade dos corações se revela."