O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (2019)

Dirigido por Tim Miller


Título original
Terminator: Dark Fate
Lançamento
23/10/2019
Gêneros
Ficção científica, Ação
Duração
2h 8m
Sinopse
Décadas após Sarah Connor impedir o Dia do Julgamento, um novo Exterminador letal é enviado para eliminar o futuro líder da resistência. Em uma luta para salvar a humanidade, Sarah Connor, endurecida pela batalha, se une a um aliado inesperado e a um super soldado aprimorado com a missão de parar o Exterminador mais mortal até agora.
Elenco
8.0

Publicado em 30 de julho de 2024

O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

Por Vandeson NunesVandeson Nunes

Tempo estimado de leitura: 4 minutos

Analisando a franquia O Exterminador do Futuro, toda a sua trajetória dentro e fora das telonas, podemos afirmar que mais implacável que qualquer máquina sanguinária vinda do futuro é a persistência dos produtores em fazer com que a série criada por James Cameron se destaque como antes. Desde o segundo filme, em 1991, nenhuma das três continuações fez grande barulho entre os fãs e, principalmente, nas bilheterias, levando a franquia a ser “rebootada” várias vezes no cinema. Talvez o mais significativo tenha sido A Rebelião das Máquinas, por seguir os conceitos e estilos adotados nos longas anteriores, enquanto o pavoroso Gênesis tratou de enterrar qualquer esperança de novos filmes surgirem. Com os direitos da franquia de volta em suas mãos, Cameron resolveu finalmente entregar sua versão do dia após o Julgamento Final, uma continuação direta do segundo filme que ignora as sequências anteriores (ou não, se você relevar que muitas realidades e linhas do tempo podem se concretizar, sendo esse conceito o único acerto em Gênesis). Sendo assim, O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio não só é o melhor filme da série desde 1991 como também um bom filme de ação, o que é o bastante para alegrar os fãs. Radicalmente, o roteiro opta por mudar tudo que foi fechado perfeitamente em O Julgamento Final, algo semelhante ao que David Fincher fez em Alien 3 (calma, aqui a ofensa foi menor) e que pode gerar certa revolta. Mas o desenrolar da trama exige que o espectador (e fã) entenda que a Skynet já foi impedida e que, inevitavelmente, estamos destinados a ser dominados pelo avanço da tecnologia, como certa cena no começo do filme indica (um rapaz sendo demitido de uma fábrica de automóveis para dar lugar a uma máquina). Essa nova guinada, embora um pouco repetitiva, evidencia que se manter no básico funciona melhor nessa franquia. Por estar ocupado com as produções das sequências de Avatar, Cameron cedeu o cargo de diretor dessa “terceira parte” a Tim Miller, cineasta que sabe valorizar o orçamento que tem em mãos e entregar um material decente, vide o primeiro Deadpool. Em Destino Sombrio, Miller promove um espetáculo de cenas de ação, carregadas de explosões e até muito sangue, ao mesmo tempo que desenvolve de modo eficaz cada personagem, evidenciando o poder feminino sempre presente na franquia. Linda Hamilton está de volta como a icônica guerreira Sarah Connor, um papel que só ela pode interpretar. O peso do passado e das batalhas são divididos com o público, tamanha a dedicação da sumida veterana, dona de uma grande performance. Porém, essa representatividade feminina não se limita a Hamilton. Pela primeira vez, uma mulher é enviada pela resistência (segunda, se você não ignorar Summer Glau na série Terminator – The Sarah Connor Chronicles) e a Grace de Mackenzie Davies (que já foi uma replicante em Blade Runner 2019) convence como uma protetora porradeira (e põe porradeira nisso), assim como a Natalia Reyes, a Sarah da vez, que consegue transformar sua Dani numa grande combatente. O uso de Arnold Schwarzenegger se ampara na nostalgia e diverte, mas seu papel poderia ser descartado sem nenhum problema, embora ele tenha um bom desempenho. Talvez sua participação em Gênesis tenha dificultado sua importância em cena (na verdade, a desgraça que foi Gênesis tirou muito impacto de Destino Sombrio). O vilão, interpretado por Gabriel Luna, representa uma ameaça de primeira, bem como T-800 e T-1000, e seu design é impressionante, auxiliado por um bom trabalho de efeitos digitais. A fotografia também é digna de nota, embora as cenas de ação seriam beneficiadas em planos mais abertos. Pelo menos o filtro amarelado usado para indicar que as cenas se passam no México foi barrado. Vivemos numa época em que o roteiro é preterido por explosões e muitos efeitos visuais, ideologia oposta ao que Cameron apresentou com as duas obras-primas que foram os dois primeiros filmes da franquia. O novo Exterminador do Futuro pode se amparar em muitos quesitos técnicos, mas honra o legado da franquia e funciona como uma continuação. Os responsáveis fizeram a sua parte. Cabe a nós impedirmos que a franquia tenha um destino sombrio.