Predadores Assassinos

Predadores Assassinos (2019)

Dirigido por Alexandre Aja


Título original
Crawl
Lançamento
11/07/2019
Gêneros
Thriller, Terror, Ação, Aventura
Duração
1h 28m
Sinopse
Quando a Flórida é vítima de um imenso furacão, os tsnunamis levam todos os habitantes a evacuarem o local. Mesmo assim, a jovem Haley se recusa a sair de casa enquanto não conseguir resgatar o pai, gravemente ferido. Aos poucos, o nível da água começa a subir, Haley também se fere e tanto ela quanto o pai precisam enfrentar inimigos inesperados: gigantescos crocodilos que chegam com as águas.
Elenco
8.5

Publicado em 05 de agosto de 2024

Predadores Assassinos

Por Vandeson NunesVandeson Nunes

Tempo estimado de leitura: 4 minutos

Nos anos 2000, a França foi responsável por grandes filmes de horror que adotavam uma enorme tensão psicológica e eram adeptos ao uso intenso do gore em suas cenas. Entre os grandes exemplares, vale mencionar Eles (Ils / Them, 2006), A Invasora (À L´intérieur / Inside, 2007), Fronteira(s) (Frontière(s) / Frontier(s), 2007) e Martyrs (2008). Mas foi justamente o primeiro longa dessa leva que assisti, o sensacional e chocante Alta Tensão (Haute Tension / High Tension, 2003), que me ganhou de jeito e me revelou um talentoso cineasta cuja filmografia eu passaria a acompanhar: Alexandre Aja. Bastante elogiado e premiado, Alta Tensão funcionou como porta de entrada para que Aja emprestasse sua paixão pelo cinema de terror a Hollywood, onde já chegou escancarando e realizando o melhor filme do gênero em 2006, o insano Viagem Maldita. Refilmagem do clássico Quadrilha de Sádicos, de Wes Craven, o longa não só superou o original em todos os quesitos como também se saiu um grande sucesso de bilheteria, deixando Aja em evidência no Ocidente. Suas obras seguintes mostraram um cineasta que nunca perdeu sua essência, tornando-se dono de um ótimo currículo. Se os eficientes Espelhos do Medo e Piranhas 3D se mostraram grandes acertos, bem como algumas produções que ele produziu (o ótimo Maníaco, com Elijah Wood), o regular Amaldiçoado (que tinha uma produção e premissa cativantes, sabotadas por um ritmo lento e reviravoltas descartáveis) e o fraco A Nona Vida de Louis Drax acabaram se mostrando deslizes em sua carreira. Deslizes corrigidos pelo seu novo trabalho, Predadores Assassinos. A trama tem como protagonista a jovem Haley (a ótima Kaya Scodelario, de Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal), uma atleta nadadora com problemas de relacionamento com seu pai e ex-treinador (Barry Pepper, de O Resgate do Soldado Ryan e do “clássico” A Reconquista). Quando uma forte tempestade ameaça inundar a cidade pantanosa em que mora, Haley decide procurar seu pai, que não atende as ligações, dirigindo-se para a casa onde cresceu antes de sua família se separar. Lá, ela não apenas encontra seu genitor ferido no porão alagado como também enormes e famintos jacarés e, como se não bastasse esse problema, a dupla precisa correr contra o tempo antes que a água cubra todo o lugar. Com esse roteiro escrito pelo próprio diretor em parceria com Shaw e Michael Rasmussen, Predadores Assassinos se encaixa perfeitamente no que Aja sempre se propôs a entregar em seus filmes: muito sangue e tensão. Apesar do que possa parecer, nada aqui é gratuito, principalmente as brutais e explícitas mortes e os sustos capazes de fazer o público pular das poltronas, como o primeiro ataque de um réptil no porão comprova. Tais momentos são auxiliados por uma câmera nervosa e trêmula, que deixa os embates mais impactantes, e uma fotografia eficientemente claustrofóbica. E, claro, um ótimo uso de efeitos digitais e práticos para proporcionar criaturas críveis e assustadoras. A direção de arte é outro grande acerto, fazendo do porão e da casa uma grande gaiola da morte para os protagonistas. Vê-los combatendo dezenas de jacarés num espaço limitado é garantia de um dos melhores suspenses do ano. O trabalho de maquiagem, como em todas as obras de Aja (nunca esquecerei aquela decapitação na escada em Alta Tensão), é excelente, com cada osso quebrado (e escancarado na frente das câmeras) e membros sendo arrancados fazendo o espectador se contorcer. O texto ainda se sai bem em explorar os dramas familiares entre os protagonistas, que veem naquela situação a chance de resolverem suas pendências caso aqueles sejam seus derradeiros momentos. O uso da superação é bem desenvolvido aqui, seja por deixar os problemas de relacionamento no passado ou no fato de que Haley não passa por uma boa fase profissional, dificuldade a ser confrontada na situação em que se encontra. Funcionando como o melhor filme envolvendo répteis famintos desde Pânico no Lago, de 1999, Predadores Assassinos (fraco título nacional, vale mencionar) se destaca como uma grande produção de horror. Não posso dizer que é uma grande surpresa, pois, como minha carta de devoção à carreira de Aja no início do texto explicitou, o talento e a opção do diretor em não se vender e entregar obras comuns ao público sempre garantirão bons filmes. Não se limite somente a diretores mais conhecidos e dê uma chance a Aja, conferindo seu novo e ótimo filme e também sua sangrenta filmografia. Bons sustos.