O filme marca o retorno de Ridley Scott mais de 30 anos após ele dirigir o primeiro longa da franquia Alien, que começou em 1979 com "Alien: O Oitavo Passageiro", considerado por muitos o melhor filme da saga até hoje. No entanto, há aqueles que preferem o segundo, dirigido por James Cameron e lançado em 1986, que recebeu no Brasil o nome de "Aliens: O Resgate". Um fato inegável é que nenhum filme posterior aos dois primeiros conseguiu sequer chegar perto da qualidade das produções das décadas de 1970 e 1980. Contudo, o quinto filme da franquia, "Prometheus", lançado em 2012, traz ideias interessantes e vale a pena ser assistido. Vale destacar que "Alien vs. Predador" não entra nessa contagem, uma vez que não é considerado canônico para o universo principal de Alien. Scott tinha interesse em voltar a dirigir um filme da franquia Alien e se juntou a Cameron, que começou a escrever a história do que seria um filme de origem. Sigourney Weaver também estava interessada em retornar à franquia. No entanto, a 20th Century Fox decidiu investir no crossover "Alien vs. Predador", e Cameron perdeu o interesse em continuar o desenvolvimento da história, alegando que não estava disposto a lidar com a influência da Fox no futuro da franquia Alien. Pelo visto, a Fox não aprendeu nada com "Alien 3", quando interferiu totalmente na produção, levando até David Fincher, o diretor, a renegar o filme. A trama se passa em 2093, 29 anos antes do primeiro filme com Weaver. Os arqueólogos Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e Charlie Holloway (Logan Marshall-Green) descobrem na Escócia um mapa estelar que coincide com outros de várias culturas antigas sem conexão entre si. Eles interpretam isso como um convite dos "Engenheiros", considerados no filme como os responsáveis pela origem dos humanos. Com base nessas pesquisas, uma tripulação parte em busca de vestígios dos Engenheiros a bordo da nave Prometheus. O começo do filme mantém um bom nível de roteiro e atuações, mas, à medida que a história se desenvolve, decisões pouco inteligentes são tomadas. Coisas óbvias que um roteiro um pouco mais cuidadoso não cometeria, como, por exemplo, explorar um novo planeta e ter a "brilhante" ideia de fazer isso sem os equipamentos adequados. Ou seja, não é por falta de equipamentos, mas por opção dos personagens. As atuações são boas, com destaque para Michael Fassbender, que interpreta David e é, de longe, o personagem mais bem desenvolvido durante o filme. Em contrapartida, a personagem Meredith Vickers, interpretada por Charlize Theron, é muito mal aproveitada, e certamente a atriz deve ter ganho bastante dinheiro para aceitar um papel tão ruim como o de Vickers. Idris Elba também não fica muito atrás de Theron, com seu personagem Janek, o capitão de Prometheus. No entanto, seu personagem é um pouco mais interessante e melhor desenvolvido que Vickers. Guy Pearce interpreta Peter Weyland, o bilionário responsável por financiar a viagem, e, apesar de ter menos tempo de tela que Theron, seu personagem é melhor desenvolvido e mais interessante. Observando o elenco de Prometheus, percebe-se que é o filme da franquia Alien com o elenco de maior peso, mas nem o roteiro nem a direção souberam aproveitar todos os personagens como poderiam. Visualmente, o filme é muito bonito, e o início, com planos mais abertos, parece promissor. No entanto, a qualidade do filme diminui à medida que a história se desenrola. As ideias de origem, com o humanoide imponente, despertam curiosidade. Porém, o filme não aprofunda muito sobre quem eles são e quais seus objetivos. Suas motivações parecem superficiais e foram escritas às pressas. Sem dúvidas, se houvesse mais tempo de filme com foco na história dos humanoides, as chances de o filme ser melhor no geral seriam maiores. Mas, assim como Vickers, eles não são bem aproveitados. Mais de três décadas após dirigir o primeiro e melhor filme da franquia, Ridley Scott infelizmente mostra que já não é mais o mesmo. Contudo, "Prometheus" é o melhor filme de Alien, até então, desde o segundo filme de 1986.