Alien 3 situa-se no mesmo ano que seu filme antecessor Aliens: O Resgate, em 2179. Logo após os eventos do segundo filme da franquia, a nave espacial Sulaco sofre um acidente e vai parar em um planeta habitado apenas por homens e usado como uma colônia penal. Nessa colônia, vários novos personagens são apresentados, alguns mais interessantes que outros, mas praticamente nenhum é muito bem explorado e não há plano de fundo suficiente para que o espectador se sinta conectado e dê importância, exceto pela protagonista Ripley. Até Newt, que foi completamente descartada no filme, é um personagem mais interessante para quem assistiu ao filme anterior. Inclusive, o descarte da personagem é um dos motivos de reclamação dos fãs da franquia Alien. Marcando a estreia de David Fincher na direção de um longa-metragem, Alien 3 foi lançado em 1992 e teve seu orçamento elevado para 50 milhões de dólares. Comparado com os primeiros filmes que, somados, tiveram seu orçamento por volta dos 30 milhões, é um aumento de quase 70% no custo do terceiro filme. No entanto, a produção do filme foi conturbada e as filmagens começaram antes mesmo do roteiro ser finalizado. Com o peso nas costas de Fincher de continuar o legado deixado por Ridley Scott e James Cameron, mais a interferência do estúdio no trabalho do jovem diretor, o resultado final do filme não foi satisfatório, sendo até mesmo renegado por Fincher, que reconhece que o primeiro filme de sua carreira foi problemático. Apesar de ter sido indicado ao Oscar de melhores efeitos visuais, pela primeira vez um filme da franquia Alien não levou para casa a estatueta do Oscar nessa categoria. No geral, a representação do xenomorfo é tão boa quanto nos filmes anteriores, tendo duas cenas marcantes durante o filme. Uma delas é aquela em que o xenomorfo aparece ao lado de Ripley em um close-up, com Ripley de olhos fechados, com uma expressão de medo, e o xenomorfo com a boca aberta olhando para ela. A segunda cena é mais próxima do final do filme, que mostra o xenomorfo numa vista de cima. Porém, o filme assume um tom estranho nas cenas em que o xenomorfo aparece na posição quadrúpede, onde é usado 100% computação gráfica, e a diferença dessas cenas para as que usam efeitos práticos é extremamente perceptível e pode atrapalhar na imersão do filme. A colônia penal não estava nos planos iniciais do filme. A ideia inicial era um refúgio para monges com interiores em madeira, ideia que foi recusada por destoar da ambientação do filme. Contudo, o resultado final de ambientar o filme em uma colônia penal, com espaços mais fechados, foi positivo e trouxe de volta a sensação de claustrofobia que o primeiro filme usou com maestria. A trilha sonora de Elliot Goldenthal contribui para o tom do filme, e embora não seja grandiosa, cumpre seu papel. Acertadamente, o filme traz de volta Sigourney Weaver (Ripley), que é o destaque e coloca mais uma vez uma mulher em um papel de liderança, mas que dessa vez envolve temas que os filmes anteriores não abordaram, como a religião e o abuso sexual. Além de Weaver, o filme conta com Charles Dance (Clemens), que interpreta o médico da colônia e possui boas cenas com Weaver, sendo a dupla com a melhor química no filme. E por fim, Charles S. Dutton (Dillon) dá vida ao que é considerado o líder dos prisioneiros. Após dois filmes altamente competentes, o primeiro que se tornou um clássico do cinema ao apresentar o universo de Alien, e o segundo que contou com uma produção grandiosa, com mais ação e cenas icônicas que marcaram a franquia Alien até os dias atuais, o terceiro filme decepciona. Não conseguindo manter o mesmo nível do seu antecessor, apesar de ter uma cena marcante e acertar na ambientação, Alien 3 é um banho de água fria nos fãs da franquia e mais uma vez confirma que a interferência dos estúdios na produção de um filme não é benéfica na grande maioria dos casos.