Lançado em 2023, "Assassinos da Lua das Flores" é um filme americano dirigido por Martin Scorsese, com roteiros do próprio Scorsese e de Eric Roth. De título original "Killers of the Flower Moon", o filme é baseado no livro de mesmo nome, escrito por David Grann, que conta a história do povo de Osage e se passa na década de 1920. O elenco conta com Leonardo DiCaprio, que interpreta Ernest Burkhart; Lily Gladstone como Mollie Burkhart, a esposa de Ernest; e Robert De Niro no o papel de William Hale. Scorsese inicialmente criou o roteiro com foco no Bureau of Investigation (BOI), onde o filme iria retratar a perspectiva do investigador Tom White, interpretado por Jesse Plemons, e teria mais foco na investigação dos assassinatos. No entanto, depois de conversas com DiCaprio, o roteiro foi alterado para a versão final exibida nos cinemas, com foco na história do casal Burkhart, no qual o filme desenvolve todo o drama vivido pela tribo indígena Osage, em Oklahoma. O BOI teria o nome alterado na década de 1930 para o que é conhecido hoje como o FBI (Departamento Federal de Investigação). São mais de três horas de filme, onde Scorsese não tem pressa nenhuma em desenvolver toda a trama, que pode ser dividida em três grandes arcos: desenvolvimento dos personagens, e são muitos; o segundo, onde os acontecimentos são aprofundados, mostrando os assassinatos e desenvolvendo mais ainda os personagens e as causas de suas ações; e o terceiro, onde temos a resolução ao mostrar o julgamento. A fotografia do filme é belíssima, tendo um momento de câmera lenta que mostra todo o motivo dos acontecimentos do filme: o ouro negro. Tecnicamente acima da média, o filme foi bem recebido pela crítica, mas acabou não tendo a mesma recepção na bilheteria, amargando uma arrecadação bem abaixo da necessária para o "breakeven", ou seja, arrecadado dinheiro suficiente para se pagar. No entanto, com o financiamento da Apple e os valores de aluguel digital, talvez chegue próximo do valor necessário que precisa. Apesar da fraca bilheteria, o filme recebeu 10 indicações ao Oscar 2024, dentre elas melhor filme e melhor direção. Já as atuações, foram prestigiadas com a indicação de De Niro para ator coadjuvante, que diga-se de passagem foi merecido. O personagem que De Niro interpreta é um manipulador sem escrúpulos que faz tudo que é necessário para conseguir o que quer, sem mostrar remorso ou ressentimento pelas atrocidades que fez parte, ou seja, se o ator consegue fazer com que o espectador sinta ódio de um personagem, no mínimo ele cumpriu muito bem seu papel. A outra indicação ficou para melhor atriz, que também consegue transmitir um misto de sensações ao espectador, principalmente o de preocupação, que foi o que Lily Gladstone fez. Sem indicação ao Oscar, mas que poderia muito bem ter acontecido e teria sido tão justo quanto a indicação de De Niro, DiCaprio mais uma vez mantém seu alto nível e entrega um personagem confuso, manipulável, totalmente limitado intelectualmente que por várias vezes parece perdido e sem saber o que fazer. De todos os personagens, Ernest Burkhart é o mais complexo, pela sua dualidade e por fazer, em alguns momentos, com que o espectador fique na dúvida sem entender se o que realmente ele quer fazer é algo bom, ou ruim. Scorsese resgata a história de um povo que sofreu vendo seus entes queridos serem assassinados um a um, das mais perversas formas, tudo isso por dinheiro. Da mesma forma que muitas vezes o homem rompe barreiras para fazer o bem, a história mostra que diversas outras vezes o homem desce ao mais baixo nível da maldade para fazer o mal. "A ganância é um animal com sede de sangue."