Filmes que contam com tubarões como antagonistas temos aos montes. Praticamente estreiam dezenas de obras por ano e, em sua maioria, contam com premissas mirabolantes, como tubarões fantasmas de seis cabeças que atacam na praia, na neve ou em um tornado. "Desespero Profundo" (longa que conferi graças à escolha da minha esposa, fã de obras do gênero) pode não ser um "Tubarão" (nenhum filme chegou perto desse clássico em mais de 40 anos) e nem se esforça para ser algo memorável, mas consegue a proeza de entreter por 90 minutos, apesar de seus inúmeros defeitos. A premissa é até bacana: após cair abruptamente no mar, um avião afunda cada vez mais e os poucos sobreviventes do desastre precisam correr para contornar não só o possível afogamento como também ferozes tubarões que cercam o local. Começando pelos pontos positivos, o filme de Claudio Fäh surpreende pelos ótimos efeitos especiais, que entregam bons momentos. O desastre, a iminente submersão do avião e os ataques dos tubarões são bem convincentes, sendo este último dono de momentos até tensos. Fica evidente que a maior parte dos US$ 5 milhões foi para esse setor, pois o roteiro sofre com alguns problemas que se estendem a um elenco pouco talentoso e uma edição inconstante (de um take para o outro, um personagem muda tanto de posição que cansa assistir). Tendo como único nome famoso no elenco Colm Meaney (do excelente "Nem Tudo é o que Parece"), em um papel dispensável e de rápida passagem, o longa tem personagens que não conseguem despertar a simpatia do espectador, com dramas rasos que não acrescentam em nada. Uma das cenas mais bobas é um diálogo de um irritante personagem sobre um trauma com afogamento que se contradiz com o destino dele. Outro ponto que me incomodou foram alguns furos, principalmente ligados à pressão marítima praticamente inexistente. Não foi com "Desespero Profundo", com sua direção falha, que tivemos um excelente filme sobre sobrevivência a tubarões, mas pelo menos ele funciona como um prazer culposo e até se sobressai entre as inumeráveis trasheiras que vemos por aí. Vale uma descompromissada conferida.