Guerra Civil

Guerra Civil (2024)

Dirigido por Alex Garland


Título original
Civil War
Lançamento
10/04/2024
Gêneros
Guerra, Ação, Drama
Duração
1h 49m
Sinopse
Em um futuro não tão distante, quando uma guerra civil se instaura nos Estados Unidos, uma equipe pioneira de jornalistas de guerra viaja pelo país para registrar a dimensão e a situação de um cenário violento que tomou as ruas em uma rápida escalada, envolvendo toda a nação. No entanto, o trabalho de registro se transforma em uma guerra de sobrevivência quando eles também se tornam o alvo.
Elenco

Avaliação média
7.3
7.7

Publicado em 03 de julho de 2024

Guerra Civil

Por Renato FrançaRenato França

O conflito entre Hamas e Israel iniciado no fim de 2023 mostrou o quanto é perigoso a cobertura jornalística de guerras. Diversos jornalistas perderam a vida em pleno cumprimento do seu trabalho. Houve até bombardeio de uma equipe de repórteres da Reuters no Líbano, resultando na morte de Issam Abdallah que cobria a guerra no dia 13 de outubro de 2023. Coincidentemente, ou não, um dos personagens do filme também é da Reuters. "Guerra Civil" foi lançado em 2024, é dirigido e roteirizado por Alex Garland, que já dirigiu outros filmes da produtora A24. O elenco conta com Kirsten Dunst, que interpreta Lee, uma jornalista renomada do Colorado. O nome Lee é uma homenagem à fotógrafa Lee Miller que cobriu a Segunda Guerra Mundial, se tornando referência como uma fotógrafa de guerra. Dunst brilha no filme, ao trazer toda carga emocional necessária para sua personagem, e ao mesmo tempo passa leveza nos momentos de descontração. Quem também brilha junto com ela é Wagner Moura, que dá vida a Joel, um jornalista da Reuters. Seu maior destaque é quando é exigido para expor momentos mais emotivos do seu personagem. E claro, seu inglês está apuradíssimo. O filme também conta com Cailee Spaeny, que interpreta Jessie que é uma fotógrafa em início de carreira e está em busca de registrar a guerra civil que ocorre nos Estados Unidos através da sua câmera. A atriz consegue performar muito bem ao lado de Dunst e Moura. E para fechar o quarteto, tem Stephen McKinley Henderson, que dá vida ao carismático Sammy. É o tipo de personagem que qualquer pessoa gostaria de ter como amigo. O roteiro é competente, tenta imaginar como seria se houvesse uma ruptura entre os estados do país, dessa forma instaurando o caos e provocando uma guerra entre os estados. Além disso, mostra o lado sombrio do ser humano, ao se aproveitar de um estado ausente e consequentemente sem leis, para fazer o que bem entender. Ou seja, se já é ruim com um estado mesmo que ineficiente, teoricamente seria muito pior sem ele. O filme não tem pressa de contar sua história, em alguns momentos pode parecer um pouco arrastado. Mas através de uma guerra civil utópica, Alex Garland consegue criar toda uma tensão em vários momentos do filme e por fim faz com que o espectador reflita: até que ponto vale arriscar a vida por uma foto? "Nós só registramos e deixamos que os outros questionem"

7.0

Publicado em 22 de julho de 2024

Guerra Civil

Por Rodrigo AlbuquerqueRodrigo Albuquerque

Em meio a um cenário de polarização política extrema, o filme "Guerra Civil" (2024), dirigido por Alex Garland (Ex Machina), nos leva a uma jornada violenta e reflexiva sobre os horrores de um conflito civil que divide os Estados Unidos. Concentrando-se, em sua grande maioria, em um único ponto de vista, o longa busca apresentar diversas perspectivas, mas o grande foco é narrar o fotojornalismo em meio a todo o conflito. Diferente de outras obras que retratam guerras civis, "Guerra Civil" não se preocupa em apresentar as origens do conflito ou os lados em disputa de forma explícita, o que deixa a narrativa confusa em vários momentos, jogando o espectador em um mundo já em guerra, onde a violência impera e a busca por respostas se torna um objetivo quase impossível. Por causa dessa imersão desorientadora nessa realidade caótica vivida pelos personagens, vários pontos importantes acabaram ficando de lado, focando apenas numa jornada onde eles são forçados a tomar decisões difíceis na tentativa de cobrir todos os acontecimentos em meio à incerteza e ao medo. Um dos pontos altos de "Guerra Civil" reside na construção de seus personagens. Mesmo com uma abordagem bem superficial do passado deles, o longa busca focar no que cada indivíduo está vivendo no presente, desde soldados até civis, que possuem suas próprias motivações, traumas e crenças. Realizando atos de heroísmo e crueldade, compaixão e ódio, os personagens demonstram a complexa natureza do ser humano em situações extremas. As atuações do elenco principal, Kirsten Dunst (Lee Smith), Wagner Moura (Joel), Cailee Spaeny (Jessie) e Stephen Henderson (Sammy), são excelentes e conseguem transmitir toda a tensão durante o filme. Destaca-se uma cena que conta com a ótima participação do ator Jesse Plemons, dando vida a um combatente que leva os protagonistas ao mais puro medo e desespero, nos deixando numa aflição e agonia absurdas, pois tudo de pior pode acontecer! (Para mim, a melhor cena do filme!) Alex Garland acabou focando nas experiências individuais e nas relações interpessoais em meio ao caos, preferindo deixar de lado todos os motivos que levaram o país a passar por tudo o que é contado, dando ênfase na jornada dos personagens durante o conflito, entregando ótimos momentos de tensão junto a uma bela fotografia e, principalmente, um ótimo trabalho de efeitos sonoros. Com uma história um tanto fragmentada, "Guerra Civil" nos traz momentos de tensão e adrenalina, conseguindo nos prender em vários momentos, mesmo com a trama merecendo bem mais profundidade.