No Brasil, mais de 3100 mulheres registraram queixa contra violência em 2023, o que dá uma média de oito mulheres vítimas de violência física por dia. Em sua grande maioria, o crime é cometido pelo ex ou atual parceiro da vítima. A pena vai de 2 a 5 anos de prisão. No entanto, as estatísticas só contam os casos denunciados, ou seja, esse número, sem dúvidas, é bem superior. Principalmente se levar em consideração que boa parte das mulheres continua com o parceiro, geralmente por medo, e, em casos mais extremos, há aquelas que defendem o sujeito, mesmo que ele não mereça. "Love Lies Bleeding - O Amor Sangra" aborda a violência contra a mulher de maneira impactante. Agressão é crime e boa parte das agressões ocorre dentro de casa e pelas mãos do parceiro. Por isso, é muito comum associar a violência contra a mulher àquela que ocorre apenas dentro de casa, mas a verdade é que isso acontece também em locais públicos e por pessoas desconhecidas. Contudo, o filme não para por aí; ele vai além, cria um contraponto entre amor e obsessão e faz refletir até que ponto um relacionamento é saudável. Além de trazer para discussão o abuso de substâncias em atletas de fisiculturismo. Rose Glass é a diretora do filme, e este é apenas o seu segundo longa-metragem na carreira, mostrando que ela sabe como entregar um bom filme e tem sensibilidade para abordar temas mais delicados. O roteiro fica por sua conta, com colaboração de Weronika Tofilska. O saldo é positivo, embora em alguns momentos o filme possa parecer confuso, o que pode não agradar a alguns espectadores. O elenco conta com boas atuações. Kristen Stewart interpreta Lou, que está muito bem ao longo do filme. Katy O'Brian chama atenção com seu corpo musculoso e dá vida a Jackie. O fato de Glass ter colocado uma mulher forte em um filme que fala sobre violência contra a mulher é extremamente satisfatório. Ed Harris também se destaca no filme; ele interpreta o pai de Lou, e, se o objetivo era passar a sensação de alguém estranho, a meta foi alcançada. O filme também conta com Jena Malone, interpretando a irmã de Lou, Beth; e Anna Baryshnikov, que ficou com o papel de Daisy, uma amiga de Lou, que também merece destaque pela atuação convincente. Um filme que pode parecer despretensioso, mas que na verdade aborda temas relevantes de forma competente. Entrega boas atuações e tem uma carga extremamente pesada de acordo com as escolhas que os personagens vão fazendo. É o tipo de filme que dificilmente vai agradar pessoas conservadoras. "A dor é a fraqueza deixando o corpo"