Lukas

Lukas (2018)

Dirigido por Julien Leclercq


Título original
Lukas
Lançamento
22/08/2018
Gêneros
Ação, Drama, Thriller
Duração
1h 24m
Sinopse
A trama segue Lukas (Van Damme), um segurança de boate em seus 50 anos e que luta para criar sua filha de 8 anos. Um dia, depois de uma briga ele acaba na prisão, e sua filha é colocada sob os cuidados dos serviços sociais. Mas as coisas mudam quando a Interpol recruta Lukas para derrubar um líder holandês que opera da Bélgica em troca da custódia de sua filha.
Elenco

Avaliação média
8.0
8.0

Publicado em 12 de agosto de 2024

Lukas

Por Vandeson NunesVandeson Nunes

Antes um astro popular nos anos 80 e 90 por filmes de ação à base de tiros e chutes, o baixinho belga Jean-Claude Van Damme viu sua carreira ruir após uma série de escândalos e seus filmes se limitarem a lançamentos diretos para vídeo. E para quem acompanhou a sua nova fase (eu me incluo, uma vez que sou fã do ator), não foi difícil notar que as produções que ele estrelava estavam longe da qualidade de seus trabalhos anteriores. "Seis Balas", "O Vingador da Iugoslávia", "Jogos de Assassinos", "Aliança Mortal" e "Força de Proteção" são alguns exemplares do atual momento da carreira de Van Damme, onde ele parece interpretar sempre o mesmo personagem: um homem amargurado e traumatizado que se envolve numa trama perigosa, com uma tragédia obrigatória no final do filme. Claro que são produções B que conseguem entreter certo grupo de pessoas, mas foram filmes pouco ousados em roteiro e estilo visual, itens essenciais para um bom resultado. Ainda que tenha se destacado em poucas produções ao longo dos anos ("Os Mercenários 2", "JCVD", "Jean-Claude Van Johnson"), Van Damme dificilmente encontrava um cineasta com talento para usar todo o seu limitado dom como ator em favor do tom e roteiro do filme. Em "Lukas" (anunciado em certos países como "The Bouncer"), Van Damme entrega, graças à parceria com o diretor Julien Leclercq, o seu melhor filme B em anos. Na trama, o ator interpreta Lukas, um (adivinhe só) amargurado e violento segurança de meia-idade. Com um forte trauma do passado (outra novidade) envolvendo a perda de sua esposa, ele se vê na obrigação de cuidar sozinho de sua filha, a quem reserva muita atenção e afeto, apesar de suas pouquíssimas palavras. Quando se envolve numa confusão na boate em que trabalha, que resulta numa morte acidental, Lukas é acusado e demitido. A reviravolta surge quando a polícia o coloca numa perigosa situação: infiltrar-se numa boate de mafiosos e agir como informante ou ir para a cadeia e deixar sua filha sozinha. Sem escolha, Lukas é jogado nesse mundo sujo e repleto de desconfianças, temendo que sua filha acabe se envolvendo. Em "Lukas", temos a melhor atuação de Van Damme desde seu cru trabalho em "JCVD". O ator está muito à vontade num papel feito sob medida para o seu talento. Ainda mandando muito bem em cenas de luta, como na brutal e realista pancadaria no porão da boate, ele usa a idade e o peso do passado (tanto de Lukas quanto pessoal, pode-se afirmar) a seu favor. Comunicando-se muito mais com seu olhar abatido pela vida, seu Lukas ganha a empatia do espectador graças ao amor por sua filha e ao desespero quando ela acaba ameaçada. Por trabalhar com muitos cineastas preguiçosos e genéricos, Van Damme acabou se limitando e perdendo chances de voltar ao estrelato, como seu colega Stallone (também destinado a filmes para vídeo, mas que conseguiu dar a volta por cima). Mas com Leclercq, o jogo mudou. Ousadia e estilo visual são os trunfos de seu trabalho em "Lukas", onde ele entrega bons planos-sequência, auxiliados por um bom trabalho de fotografia e edição que geram eficientes sequências de ação, como uma tensa perseguição de carros num estacionamento. Ainda que seu desfecho não se diferencie muito de outros longas recentes de sua carreira, Van Damme e "Lukas" obtêm um resultado muito positivo. Não apenas temos um eficiente filme de ação com pitadas de drama, como também a prova de que, com dedicação e amor ao que faz, uma produção B pode gerar algo melhor do que o esperado.