Como já falei a todos, filme de et é o único tema de terror que me deixa apreensivo de verdade, com esse filme não foi diferente, as cenas de perseguição prendem o ar, ponto positivo para uma coisa que acho chata em alguns filmes, não mostrar o inimigo quase o filme todo, nesse aparece logo sem cerimônia. Única incógnita pra mim foi o fim do filme, não ficou muito claro a intenção dos ets, era só fazer terapia na humana e viver em nosso ambiente? Na minha visão não ganha nota máxima por isso.

O filme "Ninguém vai te Salvar" nos traz um exemplo de que um filme de qualidade muito boa não precisa essencialmente de diálogos constantes. Embora os filmes hollywodianos com a temática extraterrestre sejam muito batidas, "Ninguém vai poder te salvar", deixa de cabelos em pé os fãs do gênero suspense e ficção científica. Aliado a estes gêneros, podemos falar sim que há um toque de terror. Uma cena me fez lembrar o clássico: "O Iluminado", quando o alienígena quebra a porta e põe sua cabeça em perseguição a personagem principal Brynn. Por falar em personagem principal, Kaitlyn Dever atua de forma excelente neste filme. Em seu final deixa o espectador boquiaberto e pensativo, ao mesmo tempo que vai deixar muita gente na dúvida do que realmente ocorreu.

O filme começa muito bem, sombrio, momentos tensos, e com o passar do tempo não tem medo de se revelar. A forma como os ETs são mostrados é interessante, principalmente os maiores. Filme com 1 hora e 30 min, apenas uma frase é dita, todo o resto do filme se sustenta nas atuações dos atores, com destaque para Kaitlyn Dever que nos faz sentir medo e coragem junto com ela. Por outro lado, o ponto fraco do filme é o fim, que preferiu um final mais seguro e apostando no "feliz" ao invés de ser audacioso e terminar de forma mais chocante. Mas no geral o filme agrada, principalmente na hora de retratar os medos da protagonista.

"Ninguém vai te salvar" é um filme de ficção científica / suspense / drama, que conta a história da personagem Bynn, interpretada de uma boa forma pela atriz Kaitlyn Dever, tentando lidar com a dor da perda junto com o sentimento de culpa por um trauma no passado, vivendo de uma forma isolada e tendo que enfrentar e lidar com tudo isso. Por ser uma trama quase sem diálogos, o espectador precisa prestar atenção nos mínimos detalhes para entender os motivos do que o diretor quer passar. O suspense do filme é bem envolvente, que prende você em alguns momentos que aparece alguma ameaça, porém, existem cenas que o roteiro recorre a maneira mais simples e clichê possível, para salvar a personagem do perigo e isso pode não agradar aos mais criteriosos. O CGI falha em outros momentos, deixando o clima de suspense e terror ocasionado pelas ameaças bem cômicas e caricatas. Mesmo com essas falhas, foi um filme que me agradou, um filme de sobrevivência, que repito, necessita de atenção para entender todo o contexto de construção e superação da personagem.

O maior trunfo do filme é não querer inovar visualmente. Na contramão, ele homenageia produções clássicas de ficção científica dos anos 50 voltadas pra temática alienígena, seja nos visuais dos aliens ou de suas naves e, surpreendemente, funciona muito bem ainda. A tensão orquestrada pelo diretor é alta e bem executada, trazendo uma nova abordagem para o tema home invasion. A ausência de diálogos não prejudica a imersão no longa. Muito pelo contrário. O roteiro, auxiliado pela ótima trilha sonora e pela expressiva atuação da protagonista, conduz bem o espectador, principalmente para um final repleto de interpretações. Junto com o estupendo A Vastidão da Noite e clássicos do gênero como Sinais e Fogo no Céu, é um filme que veio pra ser cultuado.