O segundo filme da Trilogia da Vingança é mais audacioso que seu antecessor e apresenta um conteúdo mais denso. Com menos personagens envolvidos, Park Chan-wook consegue explorar melhor o protagonista e seu antagonista, assim como os personagens secundários, alguns mais relevantes que outros, mas todos bem aproveitados. Chan-wook mais uma vez dirige um filme que transporta o espectador por uma montanha-russa de sentimentos e surpresas. Lançado apenas um ano após "Mr. Vingança", Oldboy foi lançado em 2003 e obteve tanto sucesso que resultou em uma versão americana do filme em 2013, embora esta não tenha sido tão bem recebida pelo público quanto o original. Oh Dae-su é um empresário preso por embriaguez e perturbação do sossego alheio, o que o faz perder o aniversário de quatro anos de sua filha. Logo após ser liberado da prisão, é raptado e mantido em cativeiro. A partir daí, o filme mergulha em um mundo de mistérios, capturando a atenção de qualquer pessoa com o mínimo de curiosidade. Mais uma vez, Chan-wook brinca com o espectador e conduz a história subvertendo expectativas. No entanto, desta vez ele vai ainda mais além do que no primeiro filme da trilogia, "Mr. Vingança", abordando temas mais delicados e apresentando uma história de vingança extremamente pesada, planejada de forma fria e calculista. Um debate importante que o filme propõe é sobre o poder das palavras. Muitas vezes, boatos começam como brincadeira, mas podem ganhar proporções fora do controle das pessoas envolvidas. Um caso real envolvendo um boato sobre uma mulher acusada de praticar magia negra contra crianças chocou a cidade de Guarujá, em São Paulo, em 2014. Na ocasião, uma página no Facebook divulgou a foto de Fabiane, de 33 anos, que nada tinha a ver com a acusação. Ela foi espancada no meio da rua por moradores e não resistiu aos ferimentos. Por isso, é crucial ter cuidado ao acusar alguém ou espalhar algo sério sobre outra pessoa, pois as consequências podem ser irreversíveis. O elenco conta com bons atores, sendo o mais marcante, sem dúvida, Choi Min-sik, que interpreta Oh Dae-su. Min-sik tem espaço de sobra no filme para mostrar seu talento, pois seu personagem é o que mais passa por transformações, e ele consegue transparecer essas mudanças com maestria. Yoo Ji-tae dá vida ao antagonista, Lee Woo-jin, o responsável pelo rapto de Dae-su. Embora Woo-jin não se destaque tanto quanto Min-sik, ele entrega uma boa atuação, criando um antagonista convincente e perverso. Diferente de seu antecessor, que não foi bem nas bilheterias, Oldboy foi um sucesso, arrecadando mais de 17 milhões de dólares, tendo custado 3 milhões. O filme foi muito bem recebido e é o mais bem avaliado da trilogia. O roteiro, que conta com a participação do próprio diretor, além de Hwang Jo-yoon e Lim Joon-hyung, envolve menos personagens que o primeiro filme, mas é mais complexo, com várias reviravoltas inesperadas. Mérito dos roteiristas e da direção. As coreografias de luta são boas e convincentes, às vezes até demais, a ponto de fazer o espectador desviar o olhar em algumas cenas. "Ria e o mundo ri com você. Chore, e você chora sozinho."

Oldboy é um filme sul-coreano lançado em 2003, que convida o espectador a uma profunda imersão em um labirinto psicológico, onde a vingança se entrelaça com mistérios perturbadores. Dirigido por Park Chan-wook (A Criada), o longa-metragem é uma verdadeira montanha-russa emocional, capaz de causar tanto fascínio quanto desconforto. Conta a história de um homem que é sequestrado e mantido em cativeiro por 15 anos, sem qualquer explicação. Libertado repentinamente, ele inicia uma busca frenética pela verdade sobre seu passado e por aqueles que o aprisionaram. A jornada de vingança, no entanto, revela segredos chocantes e uma realidade distorcida, que desafiam os limites da sanidade. O filme não nos poupa em nenhuma das cenas de violência explícita, que são apresentadas de forma muito estilizada. Essa estética chocante, no entanto, serve a um propósito narrativo, enfatizando a brutalidade do mundo em que os personagens estão imersos. A mente de Oh Dae-su (Choi Min-sik), o protagonista, é torturada tanto pelo cativeiro quanto pela busca pela verdade. A direção explora de forma magistral os estados mentais extremos do personagem, criando uma atmosfera claustrofóbica, opressiva e muitas vezes aterrorizante. A trama é repleta de mistérios que se revelam aos poucos, surpreendendo a cada nova descoberta com reviravoltas inesperadas e chocantes, desafiando todas as nossas expectativas. Abordando temas como vingança, culpa, redenção e a natureza humana, a jornada do protagonista soa como uma metáfora para a busca de identidade e significado em um mundo cruel e indiferente. Oldboy é uma obra-prima do cinema sul-coreano, que desafia as convenções do gênero e apresenta uma visão única sobre a natureza humana, com ótimas frases de efeito e reflexões como: "Sorria e o mundo sorrirá com você. Chore e chorará sozinho", entre tantas outras. Além do plot twist com potencial para abalar nossa mente, não há nenhuma cena irrelevante. Em uma palavra, eu diria que este filme é positivamente brutal.