Pacarrete

Pacarrete (2019)

Dirigido por Allan Deberton


Título original
Pacarrete
Lançamento
15/06/2019
Gênero
Drama
Duração
1h 37m
Sinopse
Pacarrete é uma bailarina idosa, considerada louca, que vive em Russas, no Ceará, uma cidade do interior. Na véspera da festa de 200 anos da cidade, ela decide fazer uma apresentação de dança como presente para o povo. Mas parece que ninguém se importa.
Elenco

Avaliação média
9.1
9.1

Publicado em 28 de junho de 2024

Pacarrete

Por Renato FrançaRenato França

O tempo é implacável, passa para todos. A velhice é uma realidade que, quando somos jovens, pode parecer muito distante, praticamente inalcançável, mas não é. Uma hora ou outra, a idade chega e teremos que enfrentá-la na expectativa de permanecermos vivos o máximo possível. À medida que o tempo passa, também é inevitável a partida de pessoas próximas, normalmente pessoas mais velhas, seguindo a lei da natureza. Mas, algumas vezes, quem parte é alguém de idade próxima ou até mais novo. A morte abala, nos faz refletir sobre a vida e, muitas vezes, nos faz querer parar de viver. Mas é preciso ser forte e seguir em frente. "Pacarrete" é daqueles filmes que chegam como quem não quer nada, com um cartaz alegre e descontraído. O filme começa alegre, como quem não quer nada. Mostra a rotina da protagonista, que carrega o nome do filme, Pacarrete, interpretada por Marcélia Cartaxo. De repente, o diretor Allan Deberton começa a dar mais profundidade aos personagens à medida que a história avança. Sendo um filme nacional, toca de forma diferente o coração. O sotaque nordestino traz uma percepção diferente se você é "daquelas bandas" ou viveu lá em algum momento da sua vida. É como escutar uma história de pessoas próximas. "Gente como a gente", sabe? Coisa que nenhum filme americano é capaz de fazer, pois a nossa língua materna é o português. Pacarrete é uma idosa aposentada que foi bailarina e professora. Ama dançar, música, francês, é uma artista! Após o espectador conhecer um pouco dos personagens, o filme começa a tratar de assuntos delicados, entre eles a terceira idade. O preconceito que as pessoas com idade mais avançada muitas vezes sofrem, e isso não é perceptível, na sua grande maioria, para as pessoas mais novas. Deberton consegue ir mais além no seu filme, abordando temas ainda mais delicados. Tudo isso aliado a uma trilha sonora que deixa o filme mais envolvente. Tem uma hora no filme em que toca uma música bem alta, totalmente contrastante com a situação que a personagem vive naquele momento. Simplesmente genial. Zezita Matos dá vida à irmã de Pacarrete, Chiquinha. As duas contracenaram com uma química tão boa que dá até para se questionar se as duas são mesmo irmãs além das telonas. Soia Lira interpreta Maria, que trabalha como empregada doméstica na casa das irmãs. Apesar de sua interpretação não ser do mesmo nível das duas atrizes já citadas, a personagem Maria tem potencial para arrancar boas risadas dos espectadores. E ainda tem Miguel, que é amigo de Pacarrete e é interpretado por João Miguel. O filme venceu a maioria dos prêmios que concorreu, em diversos festivais pelo Brasil e ao redor do mundo. Muito merecido. Uma pena que filmes de baixo orçamento como Pacarrete não tenham a divulgação que merecem. E a chance de passar batido, mesmo estando disponível através de serviços de streaming, é grande. "Eu podia tudo! Eu era importante. Eu tinha valor."