Segredos de um Escândalo

Segredos de um Escândalo (2023)

Dirigido por Todd Haynes


Título original
May December
Lançamento
16/11/2023
Gêneros
Drama, Comédia
Duração
1h 57m
Sinopse
20 anos após um grande romance midiático, um casal enfrenta a pressão quando uma atriz viaja até seu lar para se preparar para um filme sobre o passado deles.
Elenco

Avaliação média
8.0
8.0

Publicado em 29 de janeiro de 2024

Segredos de um Escândalo

Por Renato FrançaRenato França

Lançado em 2023, com direção de Todd Haynes e roteiro de Samy Burch, "Segredos de um escândalo" é um filme americano de título original "May December". Vagamente inspirado no escândalo de 1997, onde Mary Kay Letourneau foi presa por se envolver com um de seus alunos, Vili Fualaau, que na época era menor de idade. Natalie Portman vive a atriz Elizabeth, Julianne Moore interpreta Gracie e Charles Melton atua como Joe Yoo. Samy Burch é responsável pelo roteiro, mas a história no qual o filme foi baseado foi escrita por ela e por seu marido, Alex Mechanik. Indicado ao Oscar de melhor roteiro original, foi para o catálogo da Netflix poucas semanas depois de estrear nos cinemas. Também recebeu quatro indicações ao Globo de Ouro 2024 e foi bastante elogiado pela crítica. O filme é claramente inspirado em um escândalo que chocou a população de Washington, nos Estados Unidos, em 1997. Na época do envolvimento sexual, em 1996, Mary Kay tinha 34 anos e Fualaau 12. No mesmo ano que o escândalo ganhou repercussão na mídia jornalística, Mary teve o primeiro filho com Fualaau. Eles casaram em 2005 e se separam em 2019, um ano depois Mary faleceu. É possível constatar várias semelhanças entre o filme e a história do casal, mas o filme toma uma abordagem completamente diferente. O objetivo não é contar a história deles, muito menos aprofundar e explicar quem era Mary ou Fualaau. Portanto, acertadamente o filme foca em assuntos mais interessantes, colocando a atriz Elizabeth vivendo com o casal, Gracie e Joe, com o objetivo de aprender mais sobre eles, e dessa forma dar mais profundidade ao personagem de Gracie que ela irá interpretar no filme. Em resumo, tem-se um filme dentro de um filme. Se Haynes tinha como objetivo passar um sentimento de estranheza ou repúdio, ele conseguiu. É muito difícil assistir um filme no qual uma mulher adulta estuprou uma criança de 12 anos. Dificilmente alguém vai ter alguma compaixão por Gracie. Tem uma cena no filme que é marcante, onde Gracie se coloca no papel de vítima, e a criança que ela estuprou como a pessoa que manda. Talvez nojo seja uma palavra muito forte, mas se encaixa perfeitamente nesse turbilhão de sentimentos negativos que o filme proporciona ao espectador. Entretanto, o filme não teria chegado onde chegou, com indicação ao Oscar, se não fosse por Portman e Moore. Moore claramente desempenha seu papel de psicopata brilhantemente. O jeito de falar dela foi notoriamente inspirado no escândalo da vida real. Porém, quem consegue brilhar mais ainda é Natalie Portman. O nível que ela chega nesse filme, é absurdo. Mais absurdo ainda foi não ter sido indicada ao Oscar de 2024. Além das atuações brilhantes das duas atrizes, o filme possui camadas de sobra para exploração do debate e da reflexão. Começando pela psicopatia e subversão da realidade que Gracie apresenta no filme, sem remorso, sem empatia com outras pessoas, se colocando como vítima. Como é possível uma pessoa aceitar casar e ter filhos com alguém assim? Complexo de entender. Por fim, partindo do princípio de que o filme ou faz refletir, ou faz sentir algo, mesmo que esse algo seja sentimentos negativos, Haynes conseguiu entregar um filme competente com nível acima da média. O único porém é ser um filme que trata de assuntos indigestos que pode não ser visto com bons olhos dependendo de quem o assista.