Trama Fantasma

Trama Fantasma (2017)

Dirigido por Paul Thomas Anderson


Título original
Phantom Thread
Lançamento
25/12/2017
Gêneros
Drama, Romance
Duração
2h 10m
Sinopse
Nos anos 1950, Reynolds Woodcock é um renomado e confiante estilista que trabalha ao lado da irmã, Cyril, para vestir grandes nomes da realeza e da elite britânica. Sua inspiração surge através das mulheres que, constantemente, entram e saem de sua vida. Mas tudo muda quando ele conhece a forte e inteligente Alma, que vira sua musa e amante.
Elenco

Avaliação média
10.0
10.0

Publicado em 01 de fevereiro de 2024

Trama Fantasma

Por Vandeson NunesVandeson Nunes

O cineasta norte-americano Paul Thomas Anderson sempre foi querido pelo público e, principalmente, por críticos. Seja pela sua narrativa visual que emula o estilo Kubrickiano ou pelo imenso talento em conduzir atores e extrair as melhores atuações deles, vide Mark Wahlberg e Burt Reynolds em Boogie Nights – Prazer sem Limites e Adam Sandler em Embriagado de Amor. Particularmente, sou fã declarado do diretor, embora eu, como muitos, o considere culpado por motivar a aposentadoria do ator Daniel Day-Lewis. Brincadeiras à parte, Lewis declarou que se desgastou muito no processo de preparação para a sua mais recente colaboração com o diretor, o soberbo Trama Fantasma, tamanho o perfeccionismo do diretor. O ator, três vezes premiado com o Oscar de melhor ator (e indicado mais uma vez por este) vinha de uma sucessão de personagens obsessivos, vide seu Daniel Plainview de Sangue Negro ou até mesmo o seu presidente Lincoln no filme homônimo, o que pode ter gerado um grande desgaste para o ator. Lewis é conhecido pelo modo de preparo intenso, como aprender a pintar quadros usando o pé esquerdo (Meu Pé Esquerdo, seu primeiro Oscar) ou exigir ser chamado de presidente Lincoln mesmo sem as câmeras estarem ligadas, e para Trama Fantasma, onde ele interpreta um metódico estilista, sua imersão não foi diferente. Trama Fantasma é um estudo sobre a obsessão. Não apenas a de Alma em cativar o afeto e atenção de Woodcock ou do estilista em colocar no seu trabalho todas as emoções que ele se priva de compartilhar com seus criados e amantes, mas também a obsessão de um diretor. Anderson entrega seu filme narrativamente mais simples, mas não menos visualmente detalhista. Assim como Sangue Negro (primeira colaboração com Lewis) e o excelente O Mestre, o cineasta presenteia o espectador com cenas lindamente compostas por um trabalho técnico de qualidade: os figurinos de Mark Bridges encantam pela precisão simétrica e beleza; a trilha sonora do habitual parceiro do diretor, Jonny Greewood, conduz o espectador por momentos estranhamente tensos ou não com grande maestria; e a fotografia natural e as belas locações deixam o longa esteticamente lindo como um vestido do estilista. Tanto talento reunido impede que o ritmo lento do filme se torne repulsivo. Não há prazer maior no cinema do que contemplar uma atuação de Daniel Day-Lewis. Sua composição, seu maneirismo ou sua fala calma alternando com momentos explosivos fazem do seu Reynolds Woodcock o canto de cisne perfeito da sua carreira. Se não fosse pelo favorito Gary Oldman a estatueta de melhor ator, Lewis tinha chance maior de pôr as mãos no quarto título. Não é possível esquecer a brilhante performance de Vicky Krieps, silenciosa e comedida. Trama Fantasma é um dos melhores trabalhos de um dos melhores diretores da atualidade. Uma ode ao cinema esteticamente convidativo e um espetáculo de atuações. Ganhamos uma obra-prima, perdemos um ator nato. Obrigado, Daniel.