Uma continuação de filme que consegue agregar ainda mais valor ao seu antecessor não é algo tão comum de se ver nos dias de hoje. John Krasinski segue na direção da Parte II e consegue entregar um começo de filme bem superior ao anterior. O roteiro também é de Krasinski, e Bryan Woods e Scott Beck são creditados pela criação dos personagens. Nota-se um filme mais maduro; no geral, Krasinski entrega um filme melhor. A montagem do filme evoluiu, e a história é contada de forma mais fluida. Pequenas coisas, que podem parecer bobas, acabam tendo um valor narrativo forte. Muito do que é mostrado está ali por algum motivo. Embora ainda haja algumas decisões questionáveis, é bastante gratificante acompanhar essa evolução de um filme para o outro. O filme faz uso do famoso "flashback", e esse é daqueles que, sem ele, o filme ficaria vazio. Sem enrolação, direto ao ponto, Krasinski dá ao espectador algum contexto anterior. Pequenas coisas que, mais para frente, fazem toda a diferença. Emily Blunt volta como Evelyn Abbott e continua muito bem no papel, embora tenha um pouco menos de destaque nesta continuação do que no filme anterior. Millicent Simmonds interpreta a filha de Evelyn, Regan Abbott, e como Simmonds evoluiu bem do primeiro filme para este. Aqui ela consegue se destacar; nota-se que está mais à vontade na frente das câmeras. Sua personagem ganha mais relevância, e, com isso, a atriz tem mais responsabilidade e entrega tudo o que sua personagem precisava. Belíssima atuação. Noah Jupe também volta como filho de Evelyn, Marcus Abbott. Seu personagem acaba tendo menos relevância, e Simmonds brilha mais do que ele. Por fim, Cillian Murphy entra para o elenco, dando vida a Emmett, com uma performance muito boa. A trilha sonora, destaque no filme anterior, acaba não tendo tanto destaque na continuação. Embora tenha um pouco mais de personalidade, usa alguns dos artifícios da Parte I. Se lá chamou atenção, agora o espectador já está acostumado e não tem o mesmo impacto que teve antes. A jornada continua de onde parou no primeiro filme, acrescenta algumas novidades, mas nada muito diferente. Aqui a franquia se estabelece, o arco dos personagens evolui, e tem-se um melhor entendimento do que acontece nesse universo, porém, sem entregar muito. Talvez o ponto mais baixo do filme sejam alguns momentos que poderiam ter sido melhor trabalhados, dando um pouco mais de profundidade a personagens que, se melhor desenvolvidos, poderiam ser mais interessantes. Quem sabe numa continuação? "Um Lugar Silencioso - Parte II", lançado em 2020, é daquelas sequências que entram para a lista de filmes que superaram o filme de estreia. "Apenas silêncio não será suficiente."