Há muito tempo que o espaço desperta a curiosidade do ser humano. Diversas perguntas sem respostas envolvem o espaço: há vida além da Terra? Muitos recursos já foram investidos para viagens ao espaço, muitas vidas já se perderam nessa busca por respostas. E devido aos riscos das viagens espaciais, já faz quase 50 anos desde a última viagem tripulada para a Lua. Tudo isso deve-se ao fato dos riscos envolvidos e também do investimento necessário para viagens além da Terra. Estudos revelaram que um dia o sol deixará de brilhar, mas antes disso acontecer a vida na Terra deverá ser afetada de forma tão avassaladora que poderá inclusive extinguir a vida humana. Mesmo que não seja uma preocupação para esta geração, nem para as seguintes, em algum momento o espaço precisará ser explorado para que a raça humana não seja extinta. Até lá, a única coisa possível é imaginar como seria a vida na Terra à beira de sua extinção. Christopher Nolan fez isso ao dirigir o filme "Interestelar", usando os conhecimentos que se têm até então de viagem ao espaço, e claro, adicionando elementos de ficção para entregar um dos melhores filmes até então que abordam a luta do ser humano contra sua extinção. Nolan também foi responsável pelo roteiro, contando com a ajuda do seu irmão mais novo, Jonathan Nolan. Apesar de em alguns momentos o filme parecer muito complexo e difícil de entender, a conclusão do filme é extremamente satisfatória e responde diversas perguntas que o filme se propõe a expor. Há espaço para debate sobre algumas decisões de roteiro que possam parecer questionáveis, mas sem dúvida o resultado final é uma experiência única que consegue transmitir a magia do cinema para o espectador. A trilha sonora é de Hans Zimmer, que já havia trabalhado em diversos filmes anteriores com o diretor. É impactante, consegue elevar a experiência visual a um nível absurdo. Envolvente nos momentos que precisa, a trilha sonora é marcante e traz uma sensação de viagem ao espaço que eleva a experiência cinematográfica. Visualmente o filme é um espetáculo. As cenas no espaço foram bem executadas e não parecem aqueles filmes cheios de fundo verde onde é notório que é efeito visual. Como boa parte das cenas são escuras, ajuda a esconder certas imperfeições e deixa o filme com um ar mais natural. E foi graças a isso que o filme venceu o Oscar de melhores efeitos visuais em 2015, tendo sido indicado a mais quatro categorias. O elenco conta com Matthew McConaughey, que interpreta Joseph Cooper, um fazendeiro e ex-piloto da NASA, pai de Murphy Cooper e Tom Cooper. Jessica Chastain vive Murphy e Anne Hathaway é a Dra. Amelia Brand. O filme ainda conta com Michael Caine, que interpreta o professor John Brand, pai de Amelia. No geral, as interpretações são boas, mas sem dúvida quem se destaca é McConaughey. A Teoria da Relatividade é muito bem explorada no filme, mostrando as consequências de viagens espaciais, as ameaças de um buraco negro e o que seria uma viagem através de um buraco de minhoca. Que, diga-se de passagem, é explicado bem didaticamente no filme. E um ponto positivo é que, diferente da maioria dos filmes espaciais, Nolan optou por se aproximar da realidade, ao não adicionar efeitos sonoros no espaço. "O fim da Terra não será o nosso fim."