É muito comum dizer que crianças são inocentes, têm o coração puro e não veem maldade ao seu redor. É através disso que Brad Bird, diretor e roteirista, junto com Tim McCanlies, roteirista, contam a história de "O Gigante de Ferro", que foi lançado em 1999. A animação é baseada no romance de Ted Hughes, de 1968, e marca a estreia de Bird como diretor. Na década de 50, um robô gigante caiu dos céus na pequena cidade de Rockwell, no Maine, Estados Unidos. Após o acontecido, a história começa a se espalhar pela pequena cidade como um mito, desacreditada por praticamente todas as pessoas, exceto um senhor que vive espalhando que viu um robô gigante. Pouco tempo depois, o jovem Hogarth Hughes, de apenas 9 anos de idade, em uma de suas explorações ao redor de sua casa, descobre o robô alienígena gigante. A partir disso, diversas aventuras se iniciam. Animações, quando bem exploradas, agradam tanto a criançada quanto os adultos. A história do gigante de ferro é uma dessas animações. Simples o suficiente para agradar crianças, fácil de entender, divertida, mas que por trás disso tudo possui algumas mensagens mais profundas. Suficientes para agradar pessoas mais velhas, fazendo refletir sobre assuntos mais delicados. Como, por exemplo, até onde o ser humano é capaz de ir para satisfazer seu ego, mesmo que coloque sua própria vida em risco. Das mensagens que essa animação possui, a que chama mais atenção é o quanto crianças vão em busca daquilo que acreditam, independentemente do que os outros pensem ou não. À medida que a criança vai crescendo, indo em direção a sua vida adulta, esse lado destemido e perseverante vai se perdendo. Quantos adultos vivem frustrados por não terem nem sequer ido atrás daquilo que acreditam? Dos seus sonhos? Essa coragem muitas vezes ficou lá atrás, perdida com a sua criança interior. Ora, é claro que com a vida adulta várias obrigações começam a fazer parte do dia a dia da pessoa e muitas vezes não há escolhas para certos caminhos que a vida toma. No entanto, sempre há espaço para lutar por aquilo que se acredita. Por sonhos que muitas vezes são jogados do lado dos "sonhos mortos". "O Gigante de Ferro" é um ótimo filme para assistir com toda a família, ou até mesmo para assistir sozinho. Ajuda a refletir um pouco sobre a vida, sobre nossas escolhas, sobre o que foi deixado para trás. Talvez ajude a resgatar um pouco a criança que se perdeu ao longo da rotina de adulto, com as obrigações diárias. E a buscar sonhos que ficaram no meio do caminho, alguns já não são mais possíveis de resgatar, mas sempre há alguns que são possíveis de correr atrás, basta resgatar um pouco da criança destemida e perseverante que algum dia você já foi. "Alguns segredos são grandes demais para esconder."