Eram vários os motivos que despertaram em mim uma grande empolgação com Resistência. Ficção científica ser um dos meus gêneros favoritos é um, mas ter Gareth Edwards na direção me chamou a atenção, pois gostei de todos seus filmes anteriores, como Monstros e Rogue One. No seu novo longa, o cineasta ainda apresenta ideias que geram interessantes debates e questionamentos, mas peca na execução. O filme discute com nossa sociedade atual em diversos tópicos, sendo impossível não se atentar ao uso de IA no nosso cotidiano. Essa abordagem é ampliada e dá margem para várias discussões, mas o tema que mais me chamou atenção foi a prepotência da humanidade, nesse caso os EUA e seu militarismo exacerbado, se envolvendo em guerras por motivos suspeitos a dúvidas. O filme é muito preto no branco em destacar os humanos (americanos) como vilões. Até o protagonista é difícil de ganhar simpatia por lhe faltar humanidade, algo presente em quase todos os andróides combatidos. John David Washington é um bom ator, mas não me cativou em nenhum momento do longa, que ainda acho que não soube aproveitar o grande ator Ken Watanabe. Já a grande Allison Janney eu achei que estava muito boa e com potencial para maiores vilanias, mas o filme a retira de cena abruptamente. A atriz mirim, sim, é o grande trunfo do longa. Enquanto os efeitos especiais não são menos que estupendos e o filme já larga como o meu favorito para o Oscar na categoria e a fotografia é muito linda. Mas o filme tem um problema sério de ritmo, arrastando a trama e tirando peso de algumas sequências de ação, e ainda apresenta momentos cômicos sem timing nenhum (dois deles envolvendo animais usando armas) e a trilha sonora é quase inexistente, só se mostrando eficiente na cena final de modo tardio. Ainda que gere boas reflexões e momentos bonitos, Resistência carece de energia e cenas de ação mais urgentes. Se alcançasse 1/3 da obra prima Filhos da Esperança, teríamos um clássico cult do gênero. No mais, um longa que prometia mais.