Dirigido por Gina Prince-Bythewood
Para iniciar qualquer resenha sobre este filme, primeiro sinto-me na obrigação de enaltecer a atuação de Viola Davis. É impressionante o que ela entrega neste filme; todas as dores e angústias da personagem são vistas claramente na atuação dela, o que já vale grande parte do filme. Viola recebe o maior destaque, mas é acompanhada por todos do elenco. Cada um contribui para engrandecer esta produção com atuações impressionantes. As cenas de luta são tão angustiantes que nos fazem segurar na cadeira, e a história é espetacular. Tudo que essas fortes mulheres fizeram é mostrado com extrema sensibilidade. O filme me prendeu do início ao fim, a ponto de nem perceber o tempo passar. Quando percebemos que é baseado em fatos reais, a experiência se torna ainda mais incrível.
O filme escolhido da semana é 'A Mulher Rei', uma obra linda, dirigida por Gina Prince-Bythewood. Sua história é inspirada no Reino do Daomé, uma das potências da África entre os séculos XVIII e XIX. Com Viola Davis interpretando Nanisca, ela nos brinda com mais um trabalho grandioso. As outras atrizes envolvidas também tiveram atuações muito boas, com destaque para Thuso Mbedu. O filme apresenta uma ambientação bem produzida e um bom ritmo. As cenas de batalha são bem realizadas e trazem algumas reviravoltas na história. No geral, 'A Mulher Rei' cumpre bem o que propõe, trazendo um debate sobre a época da escravidão e demonstrando a força das populações africanas na luta por sua liberdade.
O filme 'A Mulher Rei', cujo título original é 'The Woman King', é um filme americano dirigido por Gina Prince-Bythewood e inspirado nas Amazonas do Daomé. Lançado em 2022, o filme sofreu duras críticas e foi acusado de romantizar o escravismo. A história é centrada em Nanisca, interpretada por Viola Davis, líder das guerreiras Agojie, com destaques para Izogie (Lashana Lynch) e Amenza (Sheila Atim). Na trama, as guerreiras buscam libertar escravos traficados pelo império de Oió. A narrativa também acompanha o treinamento de novas guerreiras, incluindo Nawi, vivida por Thuso Mbedu. Sua atuação cumpre o necessário para a personagem, mas não se destaca. Viola, por outro lado, brilha no filme e é acompanhada de perto pelas boas atuações de Lashana e Sheila. Quem deixa a desejar é a dupla que interpreta dois brasileiros, Jordan Bolger como Malik e Hero Fiennes como Santo Ferreira. Com sotaque pouco convincente, eles parecem mais portugueses do que brasileiros. O ponto mais fraco do filme é o vilão, que não é bem desenvolvido e tem motivações superficiais. Oba Ade é interpretado por Jimmy Odukoya. As cenas de ação são medianas, com câmeras muito tremidas e coreografias que raramente convencem, fazendo-nos lembrar que estamos assistindo a um filme. Apesar dos problemas, o resultado do filme é satisfatório. A escolha da diretora de focar em certos fatos históricos e omitir outros não é absurda. Mas em tempos em que lutas importantes são usadas como escudo para reclamações na internet, não surpreende que o filme tenha recebido críticas severas. Portanto, se você é uma dessas pessoas críticas, talvez esse filme não seja para você.
A trama tem seus pontos positivos. As atuações de Viola Davis, que interpreta a líder Nanisca, e da jovem atriz Thuso Mbedu, no papel de Nawi, são muito boas. Inclusive, a construção dessa personagem é feita de forma tão intensa que chega a ofuscar outros personagens, incluindo o de Viola. As cenas de batalha são bem coreografadas, e o filme apresenta uma fotografia bonita, repleta de cores que capturam de forma cativante a cultura daquele povo e das guerreiras Agojie, um exército formado por mulheres treinadas desde crianças para serem defensoras do Reino do Daomé. O filme foi promovido como 'baseado em fatos reais', e é aí que começam a surgir diversos desencontros históricos com o roteiro. Abordar temas relacionados à escravidão é sempre complicado por ser um assunto muito sensível e cruel. E é exatamente nisso que o filme se perde completamente. O Reino do Daomé, retratado no filme, historicamente, pelo que sei, nunca deixou de traficar escravos. Além disso, a escolha de atores de outras nacionalidades para interpretarem personagens históricos brasileiros deixou a trama ainda mais confusa, inserindo subtemas desnecessários. Isso fez com que a qualidade do filme caísse e o roteiro se perdesse várias vezes entre contar a história real e adaptá-la.
Preciso parar de ver trailers. Eles aumentam ou diminuem expectativas ou vendem aquilo que não entregam. Minha visão de A Mulher Rei era de algo mais épico e complexo, o que acabei não encontrando. Mas isso não foi ruim, uma vez que o filme me ganhou pela sua simplicidade narrativa e ótimas cenas de ação, bem coreografadas e editadas. O nacionalismo é fortemente abordado e a crítica ao imperialismo não é pouco sutil, mas o longa consegue entregar uma boa sessão. Ainda ressalto a ótima trilha sonora e figurinos, além de um elenco feminino talentosíssimo ( falar da performance de Viola Davis e dizer que ela é incrível é chover no molhado), que entrega uma fisicalidade incrível. Uma grata surpresa.