Ex_Machina: Instinto Artificial

Ex_Machina: Instinto Artificial (2015)

Dirigido por Alex Garland


Título original
Ex Machina
Lançamento
21/01/2015
Gêneros
Drama, Ficção científica
Duração
1h 48m
Sinopse
Um jovem programador chamado Caleb ganha um concurso e recebe a oportunidade de testar uma inteligência artificial criada por Nathan, um brilhante e recluso bilionário. Mas conforme os testes progridem, Caleb descobre que essa inteligência artificial é tão sofisticada e imprevisível que ele não sabe mais em quem confiar.
Elenco

Avaliação média
9.2
8.4

Publicado em 21 de julho de 2024

Ex_Machina: Instinto Artificial

Por Renato FrançaRenato França

O teste de Turing foi criado em 1950 por Alan Turing para avaliar a capacidade de comunicação de uma máquina. O funcionamento do teste é simples: uma pessoa é responsável por fazer perguntas, enquanto outra pessoa e uma máquina respondem às perguntas. As perguntas são feitas sem contato físico direto, preferencialmente através de uma conversa escrita. Se o interrogador não conseguir distinguir qual dos dois é a máquina, o teste é considerado um sucesso. Há um debate sobre qual máquina conseguiu realizar tal feito primeiro, mas há quem afirme que até hoje nenhuma máquina conseguiu passar no teste de Turing com os critérios definidos pelo cientista em 1950. Quase dez anos depois do seu lançamento, "Ex_Machina: Instinto Artificial" continua sendo um filme com debates que estão cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas. Com a evolução da inteligência artificial nos últimos anos, é cada vez mais frequente a utilização de serviços como ChatGPT (OpenAI), Gemini (Google) e Copilot (Microsoft) para ajudar a realizar tarefas como pesquisa, escrita e revisão, tradução, resolução de problemas técnicos, criatividade e ideias, dentre várias outras funções. Com direção e roteiro de Alex Garland, "Ex_Machina" foi lançado em 2015 e aborda temas como o teste de Turing e os limites de utilização da máquina pelo ser humano. Vencedor do Oscar de Efeitos Visuais em 2016, o filme atinge um nível visual impressionante. Ao utilizar a atriz Alicia Vikander para dar vida a Ava, mas com apenas algumas características físicas que a distinguem de um ser humano, o filme acerta o tom e une o aspecto visual à interpretação da atriz para apresentar ao espectador uma inteligência artificial que não parece muito distante de existir. Domhnall Gleeson interpreta Caleb, que participa do teste ao se comunicar diretamente com Ava, e Oscar Isaac dá vida ao bilionário e criador de Ava, Nathan. A trilha sonora talvez seja o elemento de menor destaque, e a fotografia acerta ao optar por escolher a cor cinza como predominante, o que faz total sentido pois o cinza é normalmente associado a máquinas, como o icônico T-800 em "O Exterminador do Futuro". Garland entrega um filme bem acima da média, ao explorar o medo da humanidade de algum dia ser responsável pela criação de máquinas com vontades próprias, ou até mesmo pior: do ser humano algum dia se questionar se ele próprio é um ser humano ou uma máquina. É com esse peso narrativo que "Ex_Machina" conquista seu espaço entre os filmes de ficção científica que não são totalmente realidade, mas que assustam ao se mostrar que não é impossível de acontecer em um futuro próximo. Embora seja um filme um pouco esquecido, talvez por se passar quase que majoritariamente dentro de um ambiente com paredes de concreto e se apoiar fortemente nas atuações, sem apelar para a ação, "Ex_Machina" é um excelente filme para refletir sobre até onde queremos chegar com a evolução da inteligência artificial. "Não há nada mais humano que o desejo de sobreviver"

10.0

Publicado em 24 de julho de 2024

Ex_Machina: Instinto Artificial

Por Vandeson NunesVandeson Nunes

Quando assisti Extermínio na minha adolescência, fiquei fascinado não só com o incrível visual e o ritmo frenético criado pelo grande Danny Boyle, mas também com a abordagem que o texto de Alex Garland usou para provar que a humanidade não era muito diferente dos zumbis raivosos do longa. O estudo da sociologia em filmes de ficção científica ou terror sempre me chamou atenção, e sempre vi em Garland um grande talento, comprovado em intrigantes obras como Dredd (já resenhado aqui), Não Me Abandone Jamais e no recente Guerra Civil, que talvez tenha em Ex Machina: Instinto Artificial o seu maior acerto. Através de uma fotografia linda e um design de produção que representa um futuro próximo bastante crível, Garland transporta o público para uma trama intrigante sobre o uso e evolução da inteligência artificial e como isso implica na sociedade. É um debate esmiuçado nos personagens Caleb (Domhnall Gleeson), um programador escolhido para um projeto do CEO de sua empresa, o genial e conturbado Nathan (o ótimo Oscar Isaac), onde Caleb testará a andróide Eva (a vencedora do Oscar Alicia Vikander, numa atuação contida, mas excelente) e analisará se ela pode ou não se passar por um ser humano. Com um ritmo lento, mas longe de ser entediante, Ex Machina é um perfeito espelho de como a inteligência artificial e a falta de sociabilidade de uma geração cada vez mais entrosada com a tecnologia podem representar uma (possível) ameaça, algo que a sensual e controladora Eva, dona de um nome propositalmente escolhido, representa para o introvertido Caleb. O longa ainda conta com um estupendo e oscarizado trabalho de efeitos digitais que faz com que o espectador acredite que Eva realmente exista. Ex Machina é a prova do talento de Alex Garland. Um escritor e cineasta (que já anunciou sua aposentadoria nesse cargo, infelizmente), Garland é um grande artista e contador de histórias reflexivas. É uma obra que, mesmo sob algumas camadas, expõe a substituição de talentos e, acima de tudo, interações sociais pelo uso da IA.