"Mamonas”, quando anunciado, encheu o coração de qualquer fã que viveu a banda. A maioria conhece a história deles e sabe que foi espetacular. Como um cometa eles vieram e se foram na mesma velocidade, mas não sem deixar de marcar a vida de milhões de pessoas, inclusive deste que vos fala. Então após anos veio finalmente uma cinebiografia que tanto se esperava e foi uma completa decepção. Acho que é a palavra que define o que se sente após assistir a isso. O filme é um amontoado de cenas desconexas e mal editadas, com uma passagem de tempo totalmente confusa e apressada, pulando várias partes da história que foram muito importantes e deveriam ser contadas. As que foram contadas sem se aprofundar completamente em nenhuma delas não cativam nenhum um pouco o espectador, e todos sabem que cativar era o grande talento de Dinho e os mamonas. Com atuações amadoras de quase todos os atores, sem passar nenhum tipo de emoção, com o mesmo palco durante toda a película, só alternado a plateia, a conclusão é simplesmente um desserviço a quem viveu toda essa intensidade que foi os Mamonas Assassinas. Só se salvam as músicas, claro, e a grande semelhança física dos atores com a banda. A sensação é que foi um filme amador, com muitos problemas nos bastidores e entregue às pressas e de qualquer jeito, infelizmente.

Mamonas Assassinas foi um breve fenômeno musical, mas que vive até os dias de hoje. Esta é a característica de uma das bandas mais amadas do Brasil e que, infelizmente, nos deixou cedo demais. A película "Mamonas Assassinas: O Filme", é mostrado os primórdios da banda, mostrando como era a vida de seus membros e como eles chegaram a ser um dos maiores sucessos da música brasileira. O filme em si, não é um primor. Teve horas que pode-se perceber uma aceleração muito grande nos acontecimentos. Fica aquela sensação de encurtamento para que o filme logo terminasse. Desta forma, o filme poderia ter mais alguns minutos. Ainda sobre o roteiro, por haver um encurtamento dos fatos, tem horas que não há como perceber que a banda já estava no auge. Outrossim, as atuações poderiam terem sido mais trabalhadas, tirando a atuação de Ruy Brissac que interpretou Dinho. Muitas vezes, a semelhança e o jeito eram muito parecidos. Embora seja um filme com alguns defeitos, foi uma homenagem muito válida a uma banda que está no coração do Brasil, independente da faixa etária. Não teve um teor apelativo em relação ao acidente aéreo, apenas focando em deixar na memória toda a alegria que a banda sempre passou. Por fim, diante de tudo falado, o filme vai agradar bastante quem é fã da banda mesmo com os problemas de roteiro e algumas atuações. Mas, vale ressaltar, o baixo orçamento do filme, e que o mesmo, passou por diversas empresas até a sua conclusão. Mamonas vive!

Rocketman. Dois filhos de Francisco. Cazuza: o Tempo não Para. Bohemian Rhapsody. Todas cinebiografias de bandas e artistas que possuem seus erros e acertos tanto como adaptações como fidelidade aos fatos. São filmes que independente do estilo e da direção, tem sua cartilha. E se há alguém que poderia ser beneficiado por essa cartilha seriam os saudosos meninos do Mamonas Assassinas, que até hoje contam com uma vasta legião de fãs apesar da breve carreira, marcada por uma triste tragédia, mas sempre lembrada por uma mistura de talento, carisma e ousadia. Dito isso, chega a ser frustrante esperar décadas por uma homenagem nas telonas e receber o desastroso Mamonas Assassinas: O filme. É preciso ter em mente que, por questões de direitos de imagens, muito material e arquivos foram deixados de lado, mas o longa ainda poderia entregar algo memorável se deixasse o espectador respirar, já que o maior atentado da obra é a pior edição vista no cinema nacional nos últimos tempos. Com 1h30, é compreensível que muita coisa precisava ser deixada de lado, mas o que foi utilizado e montado não traz uma boa fluidez, além de dar importância a coisas que nada acrescentam, como alguns relacionamento dos integrantes com suas companheiras, com destaque para o bobo triângulo amoroso entre os irmãos Sérgio e Samuel e uma tiete (a pior personagem e interpretação da película). Pelo contrário, já que o caos narrativo se faz presente. Em questão de segundos, uma fita demo dos artistas é entregue a um produtor, que entrega seu filho e que já dá um feedback, e em nenhum momento soa bem feito. O uso de elipses aqui incomoda, omitindo momentos importantes como o desenvolvimento de músicas (de uma hora para a outra o Mamonas muda de uma banda subversiva e já entrega um robocop Gay), bem como o sucesso deles em outras mídias. O longa peca como comédia (até o público que adora comédias globais devem dar um sorriso amarelo aqui ou ali) e como drama, apesar de alcançar alguns picos emocionantes quando Ruy Brissac consegue retratar momentos de Dinho em shows, como seu antológico discurso de perseverança. E o elenco, com exceção de Brissac, que além muito parecido com o vocalista cumpre bem seu papel, é péssimo, tanto os outros integrantes da banda, como os péssimos coadjuvantes (o ator que interpreta o produtor musical parece estar atuando em uma temporada de Malhação dos anos 90) e, principalmente, figurantes que não conseguem convencer nem como fãs e público em shows (mais focados no grupo), prejudicado por um roteiro dono de diálogos constrangedores. Porcamente editado, pessimamente fotografado (a iluminação não ajuda em nada) e um texto mal escrito e interpretado, Mamonas Assassinas: O Filme é um desserviço à icônica banda, que perde uma chance de ter sua grandeza e importância devidamente retratada. A nostalgia está lá, mas não é o suficiente (e nem deve ser) para salvar essa atrocidade visual e narrativa.